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  • Michele Diniz

A força da solidariedade

Updated: Apr 28, 2020

Uma reflexão sobre como ajudar os brasileiros neste momento de crise causada pelo coronavírus O filho pequeno de 4 anos brincava no sofá quando, de repente, o barulho e o choro estridente romperam o som do ambiente. O braço está doendo, gritava o menino. Angustiado, ele pensou: O que fazer agora, meu Deus? Para onde devo levá-lo? O plano de saúde mantido por anos havia sido cancelado, o carro levado pelo oficial de justiça, pois não conseguira pagar as prestações, e a ameaça de despejo por não pagar o aluguel pairava sobre a família. Não sabendo onde levar o filho, o embalou no colo por toda a noite. Na manhã seguinte, logo cedo, correu para o posto de saúde. Foi repreendido pelo médico por não ter levado o garoto ao pronto socorro de imediato, mas apesar disso a felicidade lhe tomou o coração: era só uma torção, e com um movimento rápido, o experiente médico colocou tudo no lugar e deu uma amostra de remédio para amenizar a dor. Deixou a criança em casa e foi ao banco, o mesmo onde trabalhara por anos e saíra para montar sua pequena empresa que faliu por não conseguir ser desonesto e concordar com as trapaças que seus sócios faziam. Na agência, falou com o gerente, o mesmo que havia sido seu funcionário anos antes: – Meu amigo, infelizmente não vou conseguir pagar esta dívida, pode sujar meu nome. Um dia vou pagar, peço desculpa por ter confiado em mim. Saindo de lá, foi a outro amigo: um padre que cuidava de uma ONG dedicada à atender pessoas carentes. Chegara ao limite e pedia comida, uma cesta básica para levar para casa. Já não conseguia alimentar sua família com o dinheiro do seu trabalho. O sonho de se tornar empreendedor estava ruindo. Sem atendimento médico, sem condições de moradia digna, o nome negativado, sem comida para levar para casa, sem condições de sonhar. As únicas coisas que restavam eram sua fé em Deus, os ensinamentos angariados nas missas que costumava frequentar e, principalmente, a compreensão da esposa. Naquele tempo, o que menos ele precisava era dinheiro, bastava a solidariedade. E ela veio na figura do médico que deu o remédio para curar a dor do filho, no carinho da mãe que ofereceu dois cômodos para morar, no alimento que não faltou graças ao padre e no empréstimo de amigos para pagar as contas de luz e água. Nada faltou e a presença de Deus confortou.

Esta história traz à luz a saga de um pequeno empresário que quebrou. É real, do idealizador deste projeto, e o que se pretende com este depoimento é por em discussão a estratégia de se focar apenas na distribuição de bilhões de reais. Será que esta é a melhor alternativa para o momento?

Quem está indo aos mercados agora tem percebido a disparada dos preços, quem comprar uma dúzia de ovos vai entender claramente. Então vemos um programa de distribuição de renda, mas será que, a exemplo da história acima, não seria mais rápido e eficaz, neste momento desesperador, determinar a entrega de alimentos a todos que necessitam em entidades que se encontram dentro das comunidades, contando, por exemplo, com o apoio do Exército Brasileiro? Assim, com doações e alimentos fornecidos pelo Governo Federal, se evitaria uma transferência brutal de recursos das famílias pobres para grupos poderosos que atuam no comércio alimentício. Ainda levando em consideração a narrativa acima, seria interessante o fornecimento de remédios. Saber que haverá acesso às coisas essenciais trará algum conforto. Água e luz já estão contempladas nas ações propostas pelo governo, um alento também. Certamente, milhões de pequenos empreendedores e profissionais liberais se encontram em extrema dificuldade agora e não se enquadram nos programas de auxílio do governo. Além disso, até quando os cofres públicos aguentarão? Em nada somos especialistas, nosso olhar é o da solidariedade.


Imagem: R7

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